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A xenofobia que a liberdade cria

28 out A xenofobia que a liberdade cria

O engajamento político deve começar com boas práticas de cidadania. Cobrar as autoridades locais que cumpram o que determina a lei pode mudar mais a sua vida do que escolher esse ou aquele para ocupar o cargo máximo no país.

Passamos anos lutando pela democracia – que é a quando a maioria decide quem deve governar uma nação. E tendemos a gostar dela somente quando ela elege quem nós votamos.

O que se viu durante a campanha eleitoral esse ano foi um racha na população brasileira, onde discursos cheios de razão lutaram contra outros discursos cheios de razão. E ambos os lados saíram perdendo.

Temos um problema maior no nosso país. Nossos eleitores ainda não aprenderam as funções de cada cargo eletivo no nosso Estado Democrático de Direito. Dessa forma, tendemos a acreditar que o Governo é responsável por todos os nossos problemas – e é também a mão que nos salvará de todo o mal. Acontece que não é.

Muito se falou em mudança nessas eleições. Razões não faltam para despertar esse desejo em todos nós, mas os argumentos pela mudança se assemelharam, em muitos casos, a euforia que causa a virada de um ano pro outro e aquela sensação de que o próximo primeiro de janeiro vai resolver todos os problemas causados no ano que passou. A mudança deve partir de nós. O engajamento político deve começar com boas práticas de cidadania. Cobrar as autoridades locais que cumpram o que determina a lei pode mudar mais a sua vida do que escolher esse ou aquele para ocupar o cargo máximo no país.

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Idéias separatistas e xenófobas são provas de que ignoramos por completo a nossa história. O Nordeste foi uma das regiões brasileiras que mais sofreu com a exploração e colonização. Com a invasão holandesa, teve seu apogeu como maior produtora de açúcar no mundo. O rico solo que possuía foi convertido em improdutivo pelo cansaço da terra com a monocultura – ciclo que foi revivido com o cacau mais tarde. Seu clima árido e sua população esquecida foi usada como mão-de-obra escrava nos tempos de ouro da borracha – onde milhares de trabalhadores migraram para a região Norte com promessa de vida melhor e depois na construção da famigerada Transamazônica – que nunca foi concluída. Quem não morreu de fome ou sede, morreu de descaso. O Nordeste, goste você ou não – ajudou a criar esse país com braços, pernas e intelecto. E se o governo atual lhes favoreceu em desenvolvimento é mais do que natural que de lá parta o maior índice de votos.

É assim que funciona a democracia. Ainda bem.

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